LiteraturaMemória
A ESTRELA
A ESTRELA
(Manuel Bandeira, patrono da Cad. I)
Vi uma estrela tão alta,
TANAJURA
(José Geraldo P. de Mello, patrono da Cad. XXVII)
Por conta de um bom descanso
A que o meu gosto se inclina,
Para o banho de água quente,
Fui procurar a piscina.
Dentro d´água estava bom
Mas vi, na manhã tão linda,
Que a coisa na passarela
Bem melhor estava ainda.
Uma garota maciça
Entre as demais encontrei,
Com trajes tão reduzidos
Que juro que me espantei.
Usava um biquíni escasso,
Do qual, num critério justo,
Uma gravata far-se-ia,
Ligando as peças, a custo…
O sutiã não cumpria
Sua missão, que é de escora:
Escorava o que podia,
Deixando o resto de fora…
E a tanga-miniatura,
Numa dona tão rotunda,
Era assaz incompetente
Para conter tanta bunda…
Melhor de frente ou de costas?
Francamente, eu não sabia,
Porém, na terceira volta,
Jurei que a frente perdia,
Que a dona, pelo argumento
Das ancas fartas e duras,
Devia ser diplomada
– Rainha das Tanajuras!
Deixo o registro fiel,
De todo isento de enganos,
Que a pequena rebolava
Mas não cabia nos panos.
E vendo-a por trás, de novo,
No molejo em que ela ia,
Eu lhe dei, sem duvidar,
O grau dez que merecia!…
(Vivaldo Bernardes, patrono da Cad. XXXIV)
O livro que revejo, velho e gasto,
cansado de passar de mão em mão,
e às traças e aos cupins servir de pasto,
deu-me na vida a primeira lição.
Nada te dei por tudo o que me deste,
velho amigo, já roto e amarelado.
Fui-te ingrato, por mim tudo fizeste
e eu te esqueci, nas lutas do passado.
Hoje, também roído de saudade,
virando estas páginas queridas,
recomponho-te, livre dos insetos.
ensinarás a vida a outras vidas,
darás lição, agora, aos meus netos.